“Últimas conversas”

Eduardo Coutinho. (Foto: https://jornalismoliterarioblog.wordpress.com/2015/02/02/importancia-de-eduardo-coutinho-para-o-jornalismo-brasileiro/)

Ao longo desse primeiro semestre falamos muito sobre documentários de diferentes autorias, no entanto, os de Eduardo Coutinho, considerado um dos maiores diretores de cinema do Brasil, foram os mais enfatizados pelos professores. Ele começou sua trajetória nesse ramo na década de 1950, enquanto estudava Direito. A partir desse ponto, sua carreira seguiu vários caminhos, como a ficção, o jornalismo e, por fim, o cinema documental, no qual possuía filmes caraterizados, principalmente, pelas entrevistas. Como exemplo de seus documentários está “Edifício Master” e “Jogo de Cena”. Em 2014, com 80 anos, Coutinho foi morto a facadas em seu apartamento por seu filho, que sofre de esquizofrenia. Na época da sua morte, ele estava no meio da produção de um documentário, o qual acabou sendo finalizado por João Moreira Salles e nomeado como “Últimas Conversas”. Esse filme foi lançado em 2015 no festival de documentários “É Tudo Verdade”.

No dia 30 de maio tivemos a oportunidade de ir ao Espaço Itaú de Cinema na Augusta para assistir o filme e depois participar de um encontro filosófico, no qual sentamos em uma praça na Paulista e fizemos uma discussão sobre o documentário.

A proposta do “Últimas Conversas” era  falar com adolescentes, entre 16 e 18 anos, vindos de escolas públicas do Rio de Janeiro, sobre os temas mais variados, de religião, bullying, a relação com os pais, a morte, o amor e vários outros assuntos, retratando os típicos comportamentos desses jovens e as dificuldades que muitas vezes enfrentam.

(Imagem: http://cinemaeaminhapraia.com.br/2015/04/15/ultimas-conversas-2014-de-eduardo-coutinho/)

São cenas relativamente simples. Um jovem abre a porta, cumprimenta Coutinho, que tem sempre sua voz no fundo das cenas, senta e vai respondendo às perguntas. Mesmo assim, cada entrevista é incrível do seu próprio jeito, tornando o conjunto que compõe o filme também excepcional. Apesar de existirem trechos muito tristes, há também muitos momentos engraçados, trazendo uma alternância de emoções ao longo do filme que é totalmente verdadeira, sem precisar usar música para provocá-las (sim, não há trilha sonora em nenhuma parte do documentário, o que pode parecer estranho, mas tem um efeito muito incrível).

Por haver uma grande proximidade com a nossa faixa etária, a identificação com o filme é inegável. Não só por causa das histórias ali presentes, mas também pelas atitudes, as desconfianças e os questionamentos próprios da adolescência.

É impressionante, também, a informalidade que Eduardo Coutinho fala com os entrevistados de modo a criar uma aproximação entre eles, fazendo com que sintam se totalmente a vontade  para falar sobre o mais particular de suas vidas. Assim, ele consegue atingir seu objetivo de retratar a realidade e alguns adolescentes de modo surpreendentemente emocionante.

Além de tudo isso, como sabemos da morte de Coutinho, o documentário se torna muito mais impactante, já que o vemos com outros olhos. Não vamos nos aprofundar muito nisso, porque estaríamos contando muito sobre o documentário em si, e a intenção é fazer com que vocês assistam, já que é um filme incrível que todas nós gostamos muito!